Viver no desconhecido

por Susan Mitchell

Foto de Susan Mitchell

O Livro Cinza foi um presente de Alice Takata Furumoto para os mestres iniciados por Hawayo Takata. Foi também o reconhecimento de sua filha, Phyllis, como sucessora de Hawayo Takata.

Através de cartas, vemos que Alice sabia que Takata Sensei queria que Phyllis tomasse o seu lugar como cabeça do Sistema Usui Reiki de Cura Natural. Takata morreu em dezembro de 1980 e a transição ocorreu sem um anúncio público formal. Phyllis deu os primeiros passos em sua jornada se sentindo muito só.

Com o seu diagnóstico de câncer em 2009, Phyllis percebeu que precisava preparar-se e à comunidade para sua própria morte. Phyllis e Paul Mitchell fizeram sete retiros sobre o tópico da sucessão. Destes surgiu um grupo de mestres e alunos que se encontraram por dois anos e meio antes da morte de Phyllis, para olhar, questionar, e ir além de sua compreensão do processo de sucessão.

Quando Phyllis anunciou Johannes como Portador da Linhagem, ele se viu muito só, porém, ao contrário de Phyllis, não só, apoiado por mestres e alunos do mundo todo que abraçaram a linhagem dessa tradição de Usui Shiki Ryoho.

“Como é vestir o manto da sucessão?” Perguntei a Johannes. Ele respondeu,

Foto de Johannes Reindl e Phyllis Lei Furumoto juntos, no Japão
“Lembrando aquele dia de março de 2019, posso ouvir Phyllis dizer, 'Johannes, é você agora'. Não foi uma pergunta. Foi uma afirmação. É simplesmente assim. Eu tive que ouvir a verdade dessas palavras. Só poderiam ter vindo da Phyllis.
“Agora sei que a sucessão não tem a ver 'comigo', minha personalidade ou características. Não tem a ver com auto-nomeação ou auto-seleção. Não é pessoal. Também não sinto que me identificar foi uma escolha pessoal da Phyllis. “Li uma entrevista recentemente, em que Phyllis fala sobre a sua experiência como sucessora de Takata Sensei. Sinto que no processo da Phyllis para identificar um sucessor, ela buscava algo que ela tinha experienciado. Não era sobre habilidades, ou se Johannes é legal e obediente, não era sobre 'você' estar feliz 'comigo'. Nem mesmo se a Phyllis gostava especialmente de mim. Penso que ela buscava onde fluía a energia. Deve ser um profundo processo interno para perceber que Reiki está em primeiro lugar. No começo senti isso como um peso. Sempre que ouvia Phyllis dizer, 'Reiki está em primeiro lugar', eu sentia que era pedir demais. Se Reiki está em primeiro lugar, o eu está em segundo. Então e eu, meu eu individual? Agora sinto como um grande alívio. Isso me conecta com a realidade de que eu não preciso agradar a todos. Pode haver conflitos, porém, isso fica mais fácil, pois entendo que não tem a ver com o conflito. É uma questão de Reiki estar em primeiro lugar. Isso coloca a minha vida em perspectiva: servir o sistema, servir Reiki." “Este é um ensinamento importante para muitos de nós. Nossos mestres nos desafiam, nos provocam, nos mostram o que precisamos aprender: o que importa é a nossa relação com a prática. Reiki está em primeiro lugar. Esta é a resposta para tantas questões".

A jornada interna de Phyllis, a exploração da comunidade na sucessão, e as conversas entre os alunos e os mestres em todo o mundo gerou um campo para o processo de sucessão. Como Alice Takata Furumoto somos convidados a testemunhar, a participar do desdobramento do fluxo de sucessão na linhagem de Usui Shiki Ryoho.

~Susan Mitchell
Kellogg, ID, EUA
30 de março de 2021